O que restava de mim para a quarentena não era mais nada
De fato, tudo é efêmero
Comprovadíssimo na quarentena
Como nunca antes
O humano vive de experiências
E nada como foi na pandemia
E pela pandemia
Oportunidade real de aprendizado
Gratuito
Disponível para quem quis
A vida acontece no presente
E por que insistimos no futuro?
Na ansiedade
Na puxação de tapete
O humano do capitalismo contemporâneo vive da puxação de tapete do outro
Da queda do outro
Que não tem nada
E quem o puxa também não tem nada
Mas é a justiça do nada pelo nada
É puro sadismo
O homem contemporâneo é sádico
E o brasileiro não é bom
Não existe justiça dos homens
Nesta dimensão
E no Brasil ainda...
A pandemia igualou
Homens de bem e do mal
Novos e velhos
no nível do vírus
E desigualou o que já era desigual
Os pobres dos ricos
Onde na pandemia
A soberania ainda é dos ricos
Sempre foi
Continua
A desigualdade é latente
Distorce
Contorce
Humilha
Mata
Mas ainda assim fomos igualados por um vírus
Que não escolhe cor, raça, religião, cargo
Mas que revida
As nossas solidões
As distorções
As humilhações
E as mortes
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