sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Pão e Circo!

Lado Pão, escrito para Originalle Magazine em 07 de fevereiro de 2013.

Dever Cumprido?
No cotidiano, nas conversas com os amigos, colegas e familiares, discutimos os mais variados assuntos. Normalmente, as questões políticas e do Brasil principalmente é um assunto que vem a tônica entres as pessoas.
O fato é que tais questões são latentes, atualizadas e eternas, revoltantes, frustrantes ou não, mas paralelamente ao sentimento que vem à tona, um conformismo todo especial que só o brasileiro entende é instaurado.
Para viver no Brasil há que se conviver com várias coisas com origens diversas e o que quero falar aqui desta vez é deste sentimento de embotamento diante das coisas que são debatidas.
Quando o Brasil vivia sob a ditadura militar, muitos jornalistas, artistas, estudantes sofreram na pele o que significou resistir ao que era imposto, por exemplo, à falta de liberdade de expressão profissional, artística ou política. Entretanto, as pessoas se posicionavam frente a isto.
Mesmo indo ao culto ecumênico a Vladimir Herzog com medo da 
repressão e alguns até usaram mais roupas neste dia compondo o grupo dos gordinhos, o que era uma forma de amortizar possíveis e literais porretadas do governo militar, etc, as pessoas não deixaram de ir ao ato de paz!

O embotamento sentimental brasileiro faz com que a classe média pague por tudo duplicado: INSS e previdência privada, faculdade, convênio médico e preços altíssimos dos carros e as pessoas simplesmente pagam por isso e ficam com a sensação do dever cumprido. Paralisadas talvez.
Desarmadas. Parecendo que o único direito que lhes cabe é pagar!
Eis o cerne da questão: o que paralisa os brasileiros diante dos fatos políticos, culturais, cotidianos? Medo? A que temer diante do fazer prevalecer seus direitos? Não estamos sabendo como fazer isto.

O que será que faz ainda com que o brasileiro acredite que o teatro e o cinema estrangeiro sejam melhores que o nosso?
Estranha sensação de dever cumprido do brasileiro! Ah, que se ver também Plínio Marcos ou será que ainda acreditam que ele é um dramaturgo maldito?

Por que simplesmente muitas pessoas fazem o que os outros falam para elas fazerem, verem e ouvirem? Não existe curiosidade de quebrar esse coro de andar para frente e parar? Ou simplesmente quebrar uma curva à tangente?
Que sentimento é esse?
O que será que é isso? Dever cumprido de fato? Comodismo? Medo dos cassetetes? Da tortura? Difícil conceituar o sentimento inerente ao povo brasileiro mediante ao estilo de vida imposto a nós.
O fato é que este sentimento de embotamento que nos alimenta reflete em nossa política, nossa arte, nossa criação, nossa pele e nossa água.
A política assim como a arte necessita que paradigmas sejam quebrados para reviver ou meramente sobreviver e esta é a mais árdua tarefa que há neste contexto.
Que venha a baila uma reflexão/ ação sobre nossos sentimentos, nossa política, nossa arte. Só assim exerceremos um dia a democracia que nos cabe no mais amplo sentido da palavra.
Por Fabi Nascimento.

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