domingo, 3 de dezembro de 2017

Ego menstruado

Ego derramado e que se derrama em sangue, dias a fio
Ferido, tão ferido e dolorido
É essa enxurrada que jorra de dentre de mim e em mim
Tão forte e tão encarnada e esvaindo os veios de vida que ainda hão em mim

É tanta vida, tanta, tanta
E ela assim devastada ensopadamente em sangue
O sangue vivo da vida
Dos hormônios
Homônimos, heterônimos
Desses que se esvaem e fervilham minha mente até eu morrer de amores
De cores e dores

Afinal, qual a diferença de amores e dores?
São antíteses quânticas
Quanto mais dói, mas amo
Quanto mais dói, mas me enterneço na dor
Esta dor que sangra e muito
Que jorra

E onde a esperança, o pior dos sentimentos
Se reitera
Te penera
Mostra seus dentes mais duros
Maiores
De ouro e couro e duros
Cafuné duro
Que dói
Faz doer, faz morrer
Sangrar
Berrar
Desesperar
Ah, meu Deu como arde!

Ego ardiloso
Maldoso
Castrador
Amador
Tecedor de laços em minhas entranhas mais íntimas
ínfimas
Vivas
Férteis
Válidas a pedradas

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