sábado, 16 de novembro de 2019

Contas pagas, sempre!

Escrever é como retomar a mim mesma nas palmas das minhas mãos. Redundante? Sim, redundante. Mas muito se vive sem ser em prol de sua própria vida. Sem ser em prol de sua própria expressão aprisionada num corpo engessado pelo capitalismo que o engorda.

O engorda e o faz vítima de si mesmo cicatrizando-o em estrias.

Escrever, interpretar e principalmente dançar eram o meu trabalho nato. Era feliz nos meus sonhos! Hoje inclusive há sapatilhas aderente a cor da minha pele. Que lindas, queria usá-las. Sonho!

O fato é que se espera muito no terceiro mundo escravizado pela própria escravidão e pela ignorância, isso tudo vale a nossa própria vida.

Quantas coisas fazemos por e para ganhar o dinheiro? Afinal, aqui nesta dimensão e reencarnação é quase apenas o dinheiro que vale. O dinheiro é o 'abre-te sésamo universal'. E me teria aberto os palcos do mundo também.

Sempre viajei o mundo nas minhas próprias ondas cerebrais. E valeu muito viajar pelo mundo, pelas fotos, pelos livros. Queria demais viajar mais. Pessoalmente. Não mais pela mente. Realmente. Verdadeiramente. Mas meu real trabalho me impossibilita. Me coloca aflita e restrita, desenvolvendo rinites, gastrites, sinusites, FO-LI-CU-LI-TES. Em prol do capitalismo paralisei meu corpo, mais essa. Mais essa vã filosofia.

Parece que a cada dia escrevo mais mal. Me limito mais, patino, mas obedeço. Queria transgredir ao invés de existir. Você sabe quanto custa o real preço das contas pagas? Pode custar uma vida não bem vivida em sua plena sintonia, harmonia, filosofia.

A alta sensibilidade não canalizada quando somatizada pode te valer o órgão vital mais valioso, a vida! Privilégio de um senso comum inteiro de viver na merda das contas pagas. Viver em função das contas faz seu corpo viver em contrariedade 24h/ dia: eleva a pressão arterial, o colesterol, o açúcar e principalmente o açúcar e sua mama desenvolve os tais omas, carcinoma. Sua vida se torna um neurotromboblastoma.

Crescente, pungente, dolorida, fatídica, idílica, mórbida, triste, só. Assim somos nós no olhar do outro, sempre julgados. Vivemos o personagem o tempo todo e qualquer coisa fora disso, será julgado.

Meu blog é o retrato mais bem tirado de mim mesma: do lado mais fraco, não priorizado e com muitas das contas pagas.

quarta-feira, 10 de julho de 2019

FURTA-COR

Há muito que eu não via o mar literal e físico ao vivo
Em cores e amores
Esse marzão sem fim e que interliga o mundo
A globalização se deu pelo mar
Esse emaranhado de água e aquário que interliga Índias, Américas, Europas

O mar globular dos seus olhos
Verdes claros transparentes e brilhantes
Me interliga à você
Ao âmago mais erótico de todos os tempos

Você não tem consciência da sua virilidade ambulante
Essa simplicidade que só tesão desperta
Química infalível de coesão
Arritmia e aceleração simultâneas para o meu coração descompassado cujo marcapasso é você 
Você é um desgoverno para mim
Desgoverno para as minhas altas maledicências próprias
Esse mar verde claro transparente e brilhante
Me salva das profundezas da minha alma vazia
Cansada
Desolada

Esse mar verde claro transparente brilhante e furta-cor
Que me inunda de inspiração
Me tira a respiração
Me põe em genuflexão
Impotente nas rédeas do meu coração
E da minha emoção

Mar verde claro transparente brilhante furta-cor e sagrado.

terça-feira, 9 de julho de 2019

Poesia Final

Desisto porque te amo,
Desisto porque te quero
E tanto te venero

Desisto pelo desejo ardente que me envadiu, me consumiu e me sangrou
Desisto porque te amo
E ao amor só me.cabe a desistência 
Sem resiliência 
Não uso de paciência
Nem resistência,
Mas sim desistência 

Desisto do que nunca tive,
Do que nunca foi meu
E excedeu
No mais fundo do eu
Nunca me pertenceu
Dor sem fim
Do que nunca foi pra mim
Sempre no mais triste fim.

sexta-feira, 21 de junho de 2019

VOCÊ

Passou bem rápido ao meu lado
Como um abrir de porta
Meia porta de fazenda
Em dias de vendaval
Daqueles que assustam
Levam
E uivam no nosso ouvido
Madrugada afora e a dentro
Nos deixando perplexos
De medo
Apreensão
Tensão
E tesão
Pra sempre no meu coração
Feito furacão

quarta-feira, 12 de junho de 2019

Identidade, Alteridade, Cidadania na Contemporaneidade

Identidade é o conjunto de características únicas que compõem o físico, o mental e o psicológico de uma pessoa, ou seja, cada ser humano ou animal e que possui sua própria identidade que é a maneira única de ser. Somos seres únicos fisicamente (beleza única), mentalmente e psicologicamente (e até espiritualmente). 

Alteridade está relacionado a relação de um indivíduo com o outro, o "eu" e o "outro".

Alteridade é a capacidade de interação e socialização humana. Alteridade também tem a ver com a cosmovisão pessoal de cada um dentro de sua realidade de cor, raça, religião, país, etnia.

A Identidade e a Alteridade na vida e idade contemporâneas são assuntos e disciplinas tratadas na Educação destes indivíduos, ou seja, filosoficamente tratadas. Afinal, o impacto de aceitação das identidades e a alteridade entre elas no dia-a-dia reflete-se no funcionamento de uma sociedade.

Uma sociedade bem desenvolvida em alteridade é uma sociedade menos preconceituosa e mais inclusiva em oportunidades para os ditos diferentes, pessoas com algum tipo de deficiência física ou trato especial ou pessoas que pertencem a grupos excluídos socialmente 
como negros, índios, mulheres, grupo LGBT, que formam grupos de pessoas que necessitam de inserção no mercado de trabalho, por exemplo.

O cidadão e educador da atualidade e do futuro são pessoas que exercem e exercerão no sentido mais amplo da palavra sua empatia. Afinal, como cidadãos, cabe a cada um de nós fazer a nossa parte, pois cada indivíduo/ cidadão fazendo sua pequena parte, teremos uma sociedade mais justa e feliz ao final, pois a alteridade seria o sentido para tudo o que formos realizar: é doar uma blusa para um aluno que não tem, é dar água e ração para um animal na rua, é repensar as estratégias de ensino de acordo com a dificuldade do coletivo, que é a sala de aula, é repensar o consumo e o ter coisas, ás vezes temos tantas coisas materiais e tem um monte de gente na rua que não tem um cobertor, por exemplo. Às vezes, algum aluno não consegue aprender a escrever porque é dislexo e se o professor conseguir identificar isto, poderá ajudar o aluno.

Alteridade e cidadania é querer fazer o melhor sempre para o outro, para si mesmo, para o país e para o planeta.

terça-feira, 11 de junho de 2019

Me alegro quando leio textos filosóficos e inteligentes assim


“Como se localizar no mundo global que emerge e parece substituir o velho?”
                                                
                                                                                                             Michel Serres

“Tudo muda hoje:

as ciências, seus métodos e suas invenções,

a forma de transformar as coisas,

as técnicas, portanto o trabalho, sua organização e as relações sociais que ele supõe ou destrói...

Tudo muda hoje:

a família e as escolas,

os escritórios e as usinas,

os campos e as cidades,

as nações e a política,

as habitações e as viagens,

as fronteiras,

a riqueza e a miséria,

a maneira de fazer os bebês

e de os educar,

a de fazer a guerra e a de se exterminar,

a violência, o direito,

a morte, os espetáculos...

Tudo muda hoje:

Onde habitaremos nós? 

Com que viveremos?

Como ganharemos nossa vida?

Para onde emigrar?

Que saber, que aprender, que ensinar, que fazer?

Como então se comportar?

Em suma, como se localizar no mundo global que emerge e parece substituir o velho?”


quarta-feira, 22 de maio de 2019

Maiêutica, Sofística, Era Contemporânea

Ah, meu blog querido, te amo tanto e quanto mais te amo te abandono quando a vida me abandona, desculpa.

E vamos a Maiêutica, a Sofística e comentários sobre a Era Contemporânea que tenho lido e estudado.

Sócrates foi o fundador da Filosofia Ética Antiga e postulou que a moral é baseada na virtude. Sócrates foi o Filósofo perguntador, pois estabelecia conceitos a partir de seus questionamentos, ou seja, Sócrates exercia a Filosofia em busca de conceitos a partir de perguntas simplórias encontradas em todos os seus diálogos, como: O que é justiça? O que é o bem? O que é a verdade?

A Filosofia conceitual de Sócrates é caracterizada pela necessidade de se encontrar uma definição para as coisas/ virtudes. Normalmente a definição inicial reflete uma visão corrente e coletiva. Entretanto, o método socrático envolve um questionamento do senso comum, das crenças e opiniões que temos, consideradas vagas, imprecisas, derivadas de nossa experiência, e, portanto, parciais, incompletas o que se reflete em possíveis exemplos dados. É exatamente neste sentido que a reflexão filosófica vai mostrar que, com frequência, não sabemos aquilo que pensamos saber.

Segundo MARCONDES (2005), o método socrático revela a fragilidade desse entendimento e aponta para a necessidade e a possibilidade de aperfeiçoá-lo através da reflexão. Ou seja, partindo de um entendimento já existente, ir além dele em busca de algo mais perfeito, mais completo. Isso se dá através de sucessivos graus de abstração e do exame do que essa própria experiência envolve, explicitando o que no fundo já está contido nela. Trata-se de um exercício intelectual em que a razão humana deve descobrir por si própria aquilo que busca ou seja, é um caminho.

O método investigativo e de ensino de Sócrates é denominado maiêutica, que significa literalmente a arte de fazer um parto e no caso, um parto de ideias. Poeticamente, maiêutica é dar à luz às ideias.

O jorrar de ideias de Sócrates dá espaço para que os sofistas considerem seus diálogos como aporéticos (impasse) ou inconclusivos. Os sofistas surgiram no momento da formação da cidade de Atenas e com a criação da Democracia, portanto, no momento de uma normatização para o exercício da cidadania. 

Os sofistas convenciam as pessoas das coisas, eles eram persuasivos, ou seja, dominavam a oratória muito bem. Portanto, "vencia" quem soubesse argumentar melhor. Foi a partir daí que houve o aparecimento do que até hoje chamamos de consenso, ou seja, quando ambos os lados em um debate argumentam muito bem e não há um lado vencedor, há que existir um consenso e os envolvidos respeitarem ambos os lados. Platão criticou os sofistas justamente porque eles eram persuasivos e ao contrário de Sócrates não levavam as pessoas ao conhecimento verdadeiro, o qual Sócrates primava com suas perguntinhas: à profundidade das coisas.

É essa oposição que marca, segundo Sócrates, a diferença entre a filosofia e a sofística, e que permitiu com que Platão e Aristóteles considerassem os sofistas como não-filósofos.

Górgias, Protágoras, Crítias eram alguns dos Sofistas mais importantes da época, eles eram eruditos e
educadores da época. A Filosofia Sofística é baseada na concepção de que o conhecimento é relativo à experiência humana concreta do real, a verdade resultando apenas de nossas opiniões sobre as coisas e do consenso que se forma em torno disso. A verdade é, portanto, múltipla, relativa e mutável, ou seja, a Filosofia Sofística é baseada no relativismo.

Transcendendo o relativismo sofista até os dias atuais, os conceitos éticos baseados na virtude estão todos contestados e relativizados e as sociedades sentem isto na pele em seus dia-a-dia. É comum ouvir nos escritórios de trabalho quando comumente alguém tem o carro furtado, por exemplo, as pessoas relativizarem o absurdo: - Ah, você tinha seguro? O importante é que você vai receber 100% da tabela Fipe. Portanto, as sociedades, como a Brasileira, não exigem segurança do governo. Ficam absurdamente relativizando que uma pessoa que teve seu bem furtado vai receber 100% do valor do carro de forma atualizada/ depreciada. É a relativização da violência.

Na Idade Contemporânea vemos muitos exemplos de relativização. O atual presidente do Brasil tem vídeos na internet dizendo que é favorável a tortura e mesmo o Brasil já tendo vivido uma ditadura e com um histórico enorme de torturas e mortes, "relativizou" o que foi dito e elegeu esta pessoa "argumentando" que ele disse isto no passado, que hoje ele é uma outra pessoa, mesmo sem ele nunca ter se pronunciado a esse respeito. O que mostra que a relativização pode ser uma coisa muito perigosa, pois os parâmetros são inúmeros e nem sempre estão baseados em conceitos ou fatos reais ou verídicos.

Na Idade Contemporânea ainda todo mundo relativiza tudo e todos a todo momento. Nas redes sociais todos se veem como sendo importantes em opinar mesmo nem sempre sabendo o que é relativizar um tema.